A minha escolha recaiu no Contador (realizado em balsa, à excepção das pernas, adquiridas no Hospital das Bonecas) que pintei e encerei de modo a imitar, o mais fielmente possível, o pau preto, pau santo e/ou carvalho, madeiras em que usualmente eram feitos. Para as ferragens usei alfinetes de cabeça e uns autocolantes dourados.
O Contador era um móvel bastante versátil, com as suas origens no séc. XVI (sem pernas, era de pousar em cima das mesas e é somente no século XVII que ganha autonomia) e fruto da miscigenação artística resultante do contacto entre os artificies portugueses com o Oriente e com o tipo de mobílias que decorava os interiores da nobreza oriental.
Era usado para guardar dinheiro, jóias, ouro, cartas entre outros valores importantes. Era um móvel versátil e encontramo-lo nas mais diversas áreas das habitações portuguesas (desde as alcovas, aos escritórios, bibliotecas, salas, etc.). É das criações nacionais mais originais.
Este contador foi realizado a partir de modelos do séc. XVII (do Museu Nacional de Arte Antiga e de colecções particulares), pois a sua produção entrou em declínio a partir do séc. XVIII e porque os exemplares conhecidos de setecentos são extremamente difíceis de concretizar (pelo menos com os meus conhecimentos rudimentares).
O corpo superior, pelas inúmeras gavetas, especializava a guarda de vários valores. Já as pernas torneadas vão ganhando em complexidade à medida que o Barroco se desenvolve, até que em pleno séc. XVIII as pernas desembocam num trabalho extraordinário de torcidos e torneados.
É diferente dos cabinets franceses, geralmente com duas portas e decorados com embutidos, lacas e chinoiseries.
As suas ferragens também evoluem para modelos complexos, que exigiam grande experiência e que, embora continue a tentar, são dificeis de imitar nesta escala.
3 comentários:
Olá C Fernandes! Esse contador é muito bonito.
No meu palácio no hall de entrada optei por colocar o papel de parede em molduras de tamanho pequeno pois a ideia é colocar um contador daqueles da HUAMEI lacado a branco e dourado e não queria que ficasse por cima das molduras.
Parece que tivemos transmissão de pensamento.
Beijinhos
BIBY
gostei muito também. gosto do facto de conseguires executar os moveis de modo a que se consiga perceber perfeitamente o estilo a que se referem.
ficará muito bem na divisão escolhida. eu ainda não sei o que fazer mas ainda não me debrucei sobre o assunto.
Olá amigos
O contador está um pouco descontextualizado cronologicamente, pois é do séc. XVII. Mas não é fácil decorar o salão de entrada por causa da sua simetria (par de espelhos/consolas e escada)e porque qualquer móvel mais largo, encostado às paredes laterais, não deixaria ver a consola.
Faço de conta que, no contexto do palacete, o contador é um móvel de família, herança familiar de gerações, integrado agora no resto da mobilia...E é muito comum nos interiores portugueses.
Em relação aos sitios onde se podem adquirir móveis escala 1/12 é tudo muito estereotipado no tipo de mobilias francesas e inglesas, pertencentes ao séc. XIX na sua maioria. A Huamei já marca a diferença, pois tem um leque de escolha maior e com muita coisa do séc. XVIII, de grande qualidade, mas também de influência francesa. E o preço é o grande entrave, embora corresponda à qualidade!
Um abraço
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